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Coluna: Errar é humano – e a inteligência artificial também

A inteligência artificial se tornou inteligente o suficiente para falar bobagens — e autocrítica o suficiente para corrigi-las.

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Foto: Jan Macarol / aiart

A próxima geração de IA não será mais um sistema onisciente único, mas uma rede de modelos menores e especializados – os chamados "nanoagentes" – conectados por um orquestrador. Como isso funciona, onde já é utilizado e por que está um passo mais próximo da inteligência humana?

Quando a inteligência artificial erra, ela tem um termo especial para isso: "alucinação". Um nome amigável para simplesmente inventar algo. Parece familiar, certo? Humanos fazem isso o tempo todo. Só que agora não estamos sozinhos nessa.

Assim como temos amigos que nos avisam quando estamos falando bobagens, a inteligência artificial tem seus próprios "controladores" — vigilantes digitais que verificam se suas respostas estão corretas. Mas a história não termina aí: a IA está aprendendo a se orquestrar.

Literalmente. No fundo, eles estão nascendo orquestradores, condutores digitais que coordenam múltiplos modelos menores, cada um com seu próprio conhecimento. Em vez de um sistema de "onisciência", uma orquestra de especialistas inteligentes está sendo formada, que juntos criam um resultado mais preciso e significativo. Portanto – Errar é humano – isso também se aplica à inteligência artificial.

Orquestradores – maestros digitais

Grandes modelos como o ChatGPT-5 agora se assemelham mais a uma orquestra sinfônica do que a um único cérebro. Cada parte do sistema tem sua própria função: um modelo entende a linguagem, outro reconhece imagens, um terceiro analisa dados e um quarto verifica a veracidade das afirmações. Mas, acima de todos eles, está o maestro – Orquestrador de IA.

Este orquestrador coordena qual modelo será executado no momento certo. Na prática, isso significa que o próprio sistema escolhe qual ferramenta é apropriada para uma determinada tarefa e como conectar suas saídas. Isso reduz erros, duplica a verificação de fatos e aumenta a precisão.

Isso já funciona na medicina. O sistema da Fujifilm Orquestrador de Sinapse combina os resultados de vários algoritmos de diagnóstico diferentes (ressonância magnética, tomografia computadorizada, raio-X) em um único resultado. O médico não vê dez gráficos diferentes, mas um resumo único e consolidado. Empresas como Adobe e Microsoft também estão desenvolvendo sistemas de orquestração semelhantes que combinam diferentes módulos de IA em um todo significativo.

Nanomodelos – pequenos mas engenhosos

Se o orquestrador lidera, então eles são nanomodelos aqueles que jogam. Pequenos, especializados, mas surpreendentemente eficazes.

Em vez de um modelo gigante que sabe “tudo”, a nova geração é baseada na multidão mini modelos, cada um para sua área: um para o calendário, outro para documentos legais, um terceiro para relatórios médicos, um quarto para comunicação.

Esses modelos são projetados para rodar de forma rápida, eficiente e, muitas vezes, diretamente no dispositivo — sem conexão com a nuvem. A Qualcomm e a NVIDIA já lançaram modelos de linguagem reduzida que podem rodar em smartphones ou laptops e ainda pensar quase tão bem quanto seus irmãos maiores.

Imagine: seu celular percebe que você vai perder uma reunião. Ele verifica o trânsito, sugere uma nova rota, envia um pedido de desculpas e reproduz um resumo da apresentação no caminho. Tudo em segundos, sem que você precise abrir um único aplicativo. Esse é o poder dos nanoagentes.

Quando a orquestra e os nanomodelos trabalham juntos

A verdadeira mágica acontece quando o orquestrador conecta vários nanomodelos em uma tarefa comum.

Digamos que você queira reservar férias. O orquestrador envia um comando para cinco agentes: um verifica a previsão do tempo, outro verifica os voos, um terceiro verifica os hotéis, um quarto verifica sua agenda e um quinto verifica seu orçamento. Em seguida, ele os conecta e apresenta a solução ideal – o voo mais barato, um hotel com piscina, uma data disponível e uma lista de restaurantes próximos. Enquanto isso, basta escolher uma data e tomar seu café.

Isso não é mais ficção científica. Plataformas construídas nos chamados "ecossistemas de agentes" já estão experimentando tais orquestrações, onde agentes conversam entre si, verificam uns aos outros e até mesmo corrigem uns aos outros se um deles cometer um erro.

Inteligência que pode se reparar

A maior diferença entre a inteligência artificial de hoje e a de amanhã não será que o que ele sabe, mas como ele sabe pensar sobre seus erros.

Novos sistemas são capazes de autocorreção – verificando se suas respostas são consistentes com outros modelos e, caso contrário, iniciando revisões. Isso significa que a IA pode gerar uma ideia hoje e, amanhã, pode verificá-la, aprimorá-la e só então apresentá-la a um ser humano.

Na prática, é uma transição do “cérebro grande” que conta tudo, para rede de assistentes inteligentes, que trabalham juntos e se verificam mutuamente. O resultado: menos erros, mais confiabilidade e uma lógica de tomada de decisão mais humana.

Para onde isso está nos levando?

Se vivemos na adolescência hoje inteligência artificial – um período em que ele ainda fala bobagens com frequência – amanhã entraremos na era da maturidade. Então, cada problema que tivermos terá seu próprio especialista digital.

Os grandes modelos continuarão existindo, mas desempenharão o papel de generalistas. Nanoagentes especializados operarão em torno deles, e orquestradores conectarão tudo em uma rede harmoniosa de colaboração.

Em vez de uma IA "superinteligente", teremos uma rede de companheiros digitais que podem pensar juntos — e se consertar quando algo dá errado. O que, pensando bem, não está muito longe do que os humanos fazem.

Conclusão: Errar é humano – e a inteligência artificial também

Em poucos anos, quando observarmos nossos agentes digitais em segundo plano durante o café da manhã organizando férias, revisando documentos e planejando nosso dia, poderemos sorriu.

Os erros não desaparecerão. Eles apenas se dispersarão. Só que desta vez – felizmente – não seremos os únicos a errar. Teremos um interlocutor ao nosso lado que, como nós, poderá admitir que nem sempre está certo.

E esta é talvez a característica mais humana que a inteligência artificial já desenvolveu.

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