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Marcas de automóveis alemãs estão seguindo o caminho da Nokia: por que a Mercedes e a VW não chegarão a 2035?

A Mercedes-Benz está seguindo o caminho da Nokia?

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Foto: Jan Macarol / Aiart

Carros alemães já foram considerados intocáveis. A Mercedes-Benz, com sua estrela no capô, era sinônimo de prestígio, precisão e perfeição em engenharia. Mas hoje, enquanto a indústria luta contra a concorrência global, altos custos e decisões estratégicas equivocadas, os titãs automotivos alemães parecem estar trilhando o mesmo caminho que a Nokia trilhou – de rei do mercado a mera nota de rodapé nos livros de história. As marcas de automóveis alemãs estão em franca queda livre. Algo poderá salvá-las?

Imagine estar sentado no trono de um império automotivo, confiante de que você é intocável, enquanto uma onda gigante já está se formando abaixo de você. indústria automotiva alemã, a joia da coroa da indústria europeia, está exatamente nesse ponto – e a história está em seu encalço com avisos que ela não pode mais ignorar. As marcas de automóveis alemãs estão seguindo o caminho da Nokia. Em uma era em que as tendências giram mais rápido que as turbinas do último Porsche, subestimar a concorrência é como dirigir com os olhos vendados em uma autobahn alemã sem limite de velocidade. Então, vamos dar uma olhada em como as lendas automotivas alemãs já foram queimadas – e por que a Mercedes-Benz pode ser a próxima a pagar o preço da ignorância.

Quando a arrogância encontra a realidade

Vamos lembrar de 2015, quando Matthias Müller, o então chefe da Volkswagen, olhou para a Tesla com um sorriso e declarou: "A Tesla vende cerca de 80.000 carros por ano e perde meio bilhão de dólares, enquanto nós vendemos 11 milhões de veículos e lucramos 13 bilhões." Oh, como essa afirmação soa amarga hoje! Não só a Volkswagen mergulhou no pântano do escândalo Dieselgate naquele ano, onde perdeu bilhões de euros e sua reputação ao fraudar testes de emissões, como a Tesla, nesse meio tempo, tornou-se a estrela-guia da revolução elétrica. Hoje, o valor de mercado da Tesla é maior do que o de todas as gigantes automotivas alemãs juntas, e a Volkswagen continua correndo atrás do próprio rabo e tentando alcançá-lo.

Mas este não é um caso isolado de cegueira alemã. Recordemos Bob Lutz, ex-vice-presidente da General Motors, que em 2017 chamou a Tesla de "um culto de fanáticos sem futuro financeiro" e anunciou sua falência. Anos depois, Lutz admitiu humildemente que estava errado, mas o estrago já estava feito – a Tesla ultrapassou todos os fabricantes tradicionais e estabeleceu novas regras do jogo. Os alemães, que há uma década afirmavam que os carros elétricos "nunca seriam populares", agora observam a Tesla, a BYD e outras empresas chinesas os ultrapassarem a torto e a direito.

A história ensina, mas quem a escuta?

A história do automóvel é como uma comédia de erros, onde a arrogância sempre desempenha um papel importante. Na década de 1970, os gigantes americanos – as marcas de automóveis – GM, Ford e Chrysler – rotularam os carros japoneses como "lixo barato". Lee Iacocca, o lendário chefe da Chrysler, menosprezava a Toyota e a Honda na época, convencido de que elas "não conseguiam competir com o poder americano". O resultado? Os japoneses conquistaram o mercado mundial com confiabilidade e eficiência, e Detroit teve que pedir resgates governamentais para sobreviver. Da mesma forma, na década de 1950, Henry Ford II subestimou os carros europeus, pensando que os americanos só queriam motores V8 enormes. Então veio o Fusca e se tornou um ícone de uma geração, e Ford ficou sem palavras.

E agora? A indústria automobilística alemã, liderada pela Mercedes-Benz, está em uma encruzilhada. Fabricantes chineses como a BYD não só produzem carros elétricos mais baratos, como também estão tecnologicamente à frente dos gigantes europeus. Enquanto os alemães ainda sonham com o auge do diesel e da gasolina, o mundo já usa eletricidade. Se não acordarem rapidamente, correm o risco de se tornarem a Nokia do automóvel – antes reis, agora apenas nostalgia.

Mercedes-Benz: Limpeza ou funeral?

A Mercedes-Benz, marca sinônimo de luxo e precisão alemã, anuncia agora uma "limpeza" – uma reorganização que supostamente a devolverá aos caminhos de sua antiga glória. Mas a questão permanece: será esta realmente uma oportunidade de renascimento ou apenas uma tentativa desesperada de consertar um navio já com vazamentos? A empresa enfrenta margens de lucro cada vez menores, concorrência crescente e desafios internos que não podem mais ser superados.

Mercedes-Benz: Meio milhão para a despedida

A Mercedes-Benz, outrora a rainha indiscutível dos sedãs de luxo, está implementando um dos maiores programas de demissões voluntárias da indústria automotiva. De acordo com uma reportagem do jornal alemão Handelsblatt Cerca de 4.000 funcionários já deixaram a empresa, cada um com uma indenização de seis dígitos. Um líder de equipe veterano, que trabalha na marca há 55 anos, pode receber até meio milhão de euros para se despedir. Bônus Turbo Para partidas rápidas? Parece uma tentativa desesperada de se livrar do "excesso de peso" enquanto o navio está afundando.

O programa faz parte de um plano de redução de custos liderado pelo CEO Ola Källenius. O objetivo? Economizar cinco bilhões de euros até 2027, um bilhão dos quais virá da redução de custos trabalhistas. Indenizações por rescisão foram oferecidas a até 40.000 funcionários não relacionados à produção – de funcionários administrativos a engenheiros e especialistas em TI. Na Alemanha, esses trabalhadores estão protegidos contra demissões até 2034, então a Mercedes está agitando dinheiro para convencê-los a sair "voluntariamente". Mas não se trata apenas de limpar os escritórios. A empresa também está investindo na requalificação de funcionários para empregos do futuro. Irônico, né? Eles te demitem, mas prometem te ensinar algo novo – se você ficar.

Mudar-se para a Hungria: quanto mais barato, melhor?

Enquanto fábricas na Alemanha, como a de Sindelfingen, estão reduzindo a produção – de 330.000 veículos em 2018 para apenas 205.000 no ano passado – a Mercedes está expandindo sua fábrica em Kecskemet, Hungria, onde os custos estão 70% menores. Não se trata apenas de uma decisão comercial, mas sim de um reconhecimento de que o modelo alemão de alto custo não funciona mais. Os modelos de luxo Classe S e EQS, que antes definiam a marca, agora vêm de fábricas onde a mão de obra é mais barata, mas ainda suficientemente qualificada. Seria isso um sinal de flexibilidade ou um recuo silencioso da terra natal?

Indústria em queda livre

Mercedes-Benz não é um caso isolado. A indústria automotiva alemã perdeu mais de 55.000 empregos nos últimos dois anos. A Bosch planeja cortar 22.000 empregos até 2030, a Volkswagen cortará 35.000 na Alemanha e a ZF 14.000. Isso não é mais apenas uma onda de demissões – é um tsunami. Os principais motivos? A competição acirrada na China, o mercado mais importante, onde as marcas alemãs estão perdendo a batalha para fabricantes nacionais como a BYD. Adicione a isso as tarifas impostas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, e uma estratégia equivocada de mudança para veículos elétricos. A Mercedes já abandonou o sonho de uma frota totalmente elétrica e agora está investindo na modernização de seus motores de combustão interna enquanto prepara uma nova geração de modelos elétricos. Parece correr atrás do próprio rabo.

Cultura Corporativa: Seleção Adversa como um Assassino Silencioso – Marcas de Automóveis – Não Podem Mudar Isso

O principal problema da indústria automobilística alemã não são apenas fatores externos, mas uma cultura corporativa que tem sido vítima de seleção negativa nos últimos anos. Cargos de gestão são frequentemente preenchidos com base na lealdade e não na capacidade, o que leva à falta de inovação e adaptabilidade. Vamos relembrar NokiaA gigante finlandesa dominou o mercado de telefonia móvel até se acomodar. Não conseguiu se adaptar aos smartphones porque sua cultura corporativa – rígida, introvertida e convicta de sua própria infalibilidade – tornou a mudança impossível. Mercedes-Benz, Volkswagen e outras gigantes alemãs estão presas em uma armadilha semelhante. A precisão alemã que antes impressionava o mundo agora é um obstáculo. “Você não pode mudar a cultura de uma empresa se ela estiver entranhada em seu DNA”, disse um ex-executivo da Nokia. A seleção adversa criou equipes de gestão lentas demais para lidar com um mercado em rápida transformação, onde os chineses oferecem carros elétricos mais baratos e tecnologicamente avançados, e a Tesla continua a definir o padrão.

O que o futuro reserva?

A indústria automobilística alemã está em uma encruzilhada. A Mercedes-Benz tenta encontrar um equilíbrio entre austeridade e inovação, mas a questão é se já é tarde demais. Transferir a produção para locais mais baratos e fazer demissões podem ser medidas necessárias, mas não resolvem o problema fundamental: a falta de visão e uma cultura rígida, ainda mais sobrecarregada pela seleção negativa. Enquanto a China e a Tesla correm para o futuro, as gigantes alemãs ainda estão remexendo em suas velhas receitas. Se não aprenderem a lição da Nokia – adaptar-se ou perecer –, poderão ser uma pálida sombra de sua antiga glória em uma década.

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