A União Europeia aprovou tarifas adicionais sobre os veículos elétricos chineses, o que levará a um aumento dos preços destes carros nos estados membros. A medida, apoiada por dez países, inclui taxas adicionais de até 35 % e atingirá mais duramente fabricantes como BYD e Geely. A Eslovênia está entre os cinco países que votaram contra, mas não conseguiram impedir a decisão.
Quem teria pensado que um dia os veículos eléctricos – os pioneiros tecnológicos do nosso futuro verde – se tornariam o centro de um campo de batalha geopolítico? Mas aqui estamos. A União Europeia aprovou tarifas adicionais sobre carros elétricos chineses, disparando alarmes entre entusiastas de veículos elétricos e fabricantes de automóveis. Numa das mais duras batalhas económicas entre Bruxelas e Pequim, as tarifas adicionais não são apenas uma medida económica, mas uma resposta aos alegados “subsídios injustificados” da China.
Tarifas adicionais – a resposta da Europa aos subsídios chineses
Após uma investigação que durou um ano, a Comissão Europeia concluiu que a China subsidia fortemente as suas empresas que produzem veículos eléctricos, minando assim a concorrência leal no mercado. Em resposta, Bruxelas impôs tarifas adicionais sobre os veículos eléctricos chineses, que já inundaram as estradas da Europa a preços acessíveis. Embora as tarifas temporárias tenham entrado em vigor no Verão, foram agora finalizadas e permanecerão em vigor durante cinco anos.
O maior fabricante chinês de veículos elétricos, BYD, passará a estar sujeito a um custo adicional Imposto de 17%, o que aumenta os direitos aduaneiros totais sobre a importação dos seus veículos para a UE para 27 por cento. Outros fabricantes, como Geely e SAIC, porém, enfrentarão tarifas de até 35 %. Todos estes números representam um fardo significativo para os importadores, que provavelmente irão repercutir este fardo nos compradores europeus.
Porque é que a Eslovénia votou contra?
A decisão sobre direitos aduaneiros adicionais não foi unânime. A Eslovénia, juntamente com a Alemanha, a Hungria, a Eslováquia e Malta, votaram contra. Por que? As razões para a oposição eslovena estão provavelmente intimamente relacionadas com a sua parceria económica com a Alemanha, onde os principais fabricantes de automóveis – BMW, Volkswagen e Mercedes – expressaram sérias preocupações sobre as medidas. O mercado chinês é um dos maiores para as montadoras alemãs, e elas temem que a retaliação chinesa, se acontecer, tenha um impacto negativo nas suas vendas. A Eslovénia, que está intimamente ligada à indústria automóvel alemã, também poderá sentir as consequências destas tarifas.
O que isto significa para o mercado europeu de veículos elétricos?
Os compradores de veículos eléctricos na UE sentirão, sem dúvida, os efeitos destas tarifas. Os carros elétricos chineses, que até agora eram famosos pela sua acessibilidade, ficarão muito mais caros. Por exemplo, a Tesla, que produz os seus automóveis em Xangai, já enfrentou uma taxa alfandegária de 30%, o que também aumentou os preços na Eslovénia. Embora o imposto sobre os veículos Tesla tenha sido reduzido para 9 %, isso não altera o facto de que os preços dos veículos chineses na Europa serão agora muito mais elevados.
Contudo, não se trata apenas de aumentar os preços. Este é um sinal de uma tendência mais ampla, em que os países recorrem cada vez mais a medidas de proteção num momento de crescentes tensões geopolíticas. Num mundo onde a Europa luta pela autonomia na tecnologia e na indústria, as tarifas adicionais representam uma tentativa de conter a concorrência das poderosas empresas chinesas.
Olhando para o futuro – isto é apenas o começo?
Embora as tarifas já sejam um facto, o futuro é incerto. O primeiro-ministro chinês, Xi Jinping, já ameaçou medidas retaliatórias, o que poderia levar a uma escalada do conflito comercial entre a UE e China. A questão é até onde irá esta guerra tarifária e quem acabará por ficar com a parte mais curta da questão. A Comissão Europeia sublinha que está pronta para negociações com a China e para a procura de soluções alternativas, mas será que isso ainda é realmente possível?
Conclusão
Para o comprador médio de automóveis eléctricos na Europa, esta disputa comercial significa principalmente preços mais elevados e menos opções. Embora Bruxelas possa considerar estas medidas como uma salvaguarda necessária contra a concorrência desleal, tempos de incerteza se avizinham para o mercado dos veículos eléctricos.