Descobrir a conexão entre o intestino e o cérebro traz um avanço nos cuidados de saúde mental. O que é uma dieta psicobiótica?
A palavra “psicobiótico” pode soar como algo saído do mundo da ficção científica, mas a verdade é que é uma das descobertas mais promissoras da medicina moderna. Psicobióticos referem-se a microrganismos que têm um efeito positivo na nossa saúde mental. Uma dieta que visa fortalecer esses microrganismos é chamada de dieta psicobiótica e é baseada em uma combinação de fibras e alimentos fermentados que estimulam o crescimento de bactérias benéficas em nosso intestino.
A investigação de John Cryan e Ted Dinan, líderes neste campo de investigação, mostra que tal dieta não só melhora a saúde dos nossos intestinos, mas também ajuda a gerir melhor o stress. O seu estudo recente envolvendo dois grupos de adultos descobriu que aqueles que seguiram uma dieta psicobiótica experimentaram uma redução de 15% no stress percebido em comparação com um grupo de controlo.
Intestino e cérebro: uma conexão inesperada
O intestino é conhecido há muito tempo como o “segundo cérebro”, mas agora os cientistas estão a descobrir quão profunda e influente é realmente esta ligação. Os micróbios que vivem no nosso intestino desempenham um papel fundamental na regulação da inflamação no corpo, o que por sua vez afecta a nossa saúde mental. Quando comemos fibra suficiente, esta alimenta as bactérias benéficas do nosso intestino, que depois produzem substâncias como o butirato – um elemento-chave na proteção e reparação da parede intestinal, que também tem efeitos benéficos no cérebro.
Fibras e fermentos: o poder oculto da dieta psicobiótica
Infelizmente, a maioria das dietas modernas, especialmente aquelas baseadas em alimentos processados, levam à falta de fibras, empobrecendo o nosso microbioma. A Dieta Psicobiótica corrige isso concentrando-se em alimentos ricos em fibras e produtos fermentados, como iogurte, kefir e chucrute. Embora as bactérias probióticas desses alimentos não permaneçam permanentemente em nossos intestinos, elas fazem muito bem durante seu trânsito, diminuindo o pH e estimulando o crescimento de bactérias benéficas, ao mesmo tempo que inibem microorganismos patogênicos.
Como começar? A arte de comer para a saúde mental
Iniciar uma dieta psicobiótica não é tão complicado quanto pode parecer. É importante incluir uma variedade de fontes de fibra na dieta – desde vegetais como alho, alho-poró e repolho até frutas, nozes, grãos e legumes. Também é crucial evitar açúcares, que podem prejudicar o nosso microbioma e contribuir para a inflamação.
Os cientistas recomendam que comamos 30 tipos diferentes de vegetais por semana, o que pode parecer assustador, mas podemos fazer isso um passo de cada vez. Se isso for demais, podemos começar com os prebióticos – fibras alimentares que servem de alimento para as bactérias benéficas do nosso intestino. Também é importante aumentar a ingestão de alimentos fermentados, que acrescentam probióticos benéficos.
Noções básicas: A Dieta Psicobiótica foi concebida para apoiar a nossa saúde intestinal e bem-estar mental através de uma dieta variada e nutritiva. Inclui uma rica variedade de vegetais como alho, alho-poró, repolho e espinafre, além de frutas como frutas vermelhas, figos e abacates. Nozes e sementes como pistache e amêndoas e grãos integrais como aveia, bulgur e farro também são elementos importantes. Leguminosas como feijão e lentilha fornecem uma fonte adicional de fibra, enquanto gorduras saudáveis, como ômega-3 e azeite, apoiam a saúde geral. Alimentos fermentados como iogurte, kefir, chucrute e kimchi enriquecem nosso microbioma com probióticos benéficos. A adição de especiarias como orégãos, manjericão e canela e a inclusão de prebióticos que promovem o crescimento de bactérias boas completam esta dieta holística que ajuda a reduzir o stress e a melhorar a nossa saúde mental.
Conclusão: A dieta do futuro?
Uma dieta psicobiótica está provando ser uma estratégia promissora para reduzir o estresse e melhorar a saúde mental. Num mundo onde o stress e a ansiedade parecem companheiros constantes, qualquer passo no sentido de se sentir melhor é bem-vindo. Embora a dieta psicobiótica ainda seja relativamente nova no mundo da ciência, o seu potencial para uma melhor saúde e maior resistência ao stress não pode ser ignorado. Talvez seja hora de voltar para a natureza e começar a comer de uma forma que cuide não só do nosso corpo, mas também da nossa mente.